" - Número 7 -
Olhos: castanhos
Tez: Morena
Estatura: Alto e magro
Pêlos: Bastantes
Barba: Aparada
Cabelo: Castanho escuro, encaracolado e curto
Tatuagens: Não
Idade: 25
Profissão: Estudante Universitário
Tez: Morena
Estatura: Alto e magro
Pêlos: Bastantes
Barba: Aparada
Cabelo: Castanho escuro, encaracolado e curto
Tatuagens: Não
Idade: 25
Profissão: Estudante Universitário
- 1o contacto: redes sociais -
À meia noite em ponto do dia do meu aniversário recebo uma mensagem privada que diz:"Não te conheço... mas parabéns! Continua com esse lindo sorriso."
Dei um tempo. Não respondi logo. Mas intrigou-me. E intrigou-me mais do que devia, até!
Naquela ocasião, estava numa de isolamento, a tentar organizar as ideias para dar início ao meu ensaio, ou pseudoensaio, como lhe queiram chamar. '38 homens depois ' era o título do que pretendia conceber, talvez como terapia para ultrapassar a separação, óbvio, juntando o útil ao agradável.
Quanto ao número trinta e oito escolhi por ter um 'feeling' qualquer que a essa idade estarei cem porcento realizada. É esse o meu objectivo e tanta ambição ou tão pouca que quase que lá estou. E ainda me falta um par e pouco de anos.
Peguei em mim e fui. Sem destino. Fui para longe sem sair de perto. Mas fui. Sozinha, triste e vazia...mas obstinada e com vontade de passar a "ser sozinha"!
Nos dias que se antecederam àquele, fiz questão de desligar o telemóvel. Do tipo, incontactável para o mundo e até para o mim. Nessa semana não escrevi. Não deu, precisava de tempo para me concentrar no céu, no ar que eu respirava; no mundo, no chão que eu pisava. Aproveitei aqueles dias como se fossem os primeiros de toda a minha vida. Vivi-os como se tivesse nascido naquele momento. Para mim, eu tinha acabado de nascer. Ia viver agora. Do zero.
Entretanto era o dia do meu aniversário... portanto liguei o telemóvel sensivelmente uma hora antes. Estive a passar a tempo a ver o que tinha perdido nas redes sociais (nada de novo)...
Chegada a hora, qual não é o meu espanto quando a primeira pessoa a parabenizar-me foi um desconhecido. Quando eu esperava tudo menos isso... a três meses do 'términus' de uma relação de quinze anos, a última coisa que me apetecia era estabelecer qualquer tipo de contacto (directo ou indirecto) com homens.
O problema é que eu estava mesmo sozinha. Era o dia do meu aniversário e, na verdade, não tinha nada combinado. Decidi então responder à mensagem. Lembro -me como se fosse hoje. Eu, sentada na cadeira de madeira de baloiço, na varanda, virada para o mar, a beber um copo de espumante. Fazia trinta anos.
E comecei a falar com um desconhecido, oriundo de um país da Ásia. A conversa dele prendeu -me. Bastante respeitador, educado e pertinente. No fundo, a conversa prendeu-me porque gostei da postura.
Foi interessante. Nessa noite. Mas 'à posteriori', deixou de o ser. O meu interesse (que digamos que já por si só não era nada de especial), passou a ser nulo.
Ele tinha um nome estranho que ainda hoje tenho dificuldade em pronunciar ( mesmo que sim não o diria, porque o nome não é, de todo, relevante, quer neste ou noutro caso!).
Caí na esparrela de lhe dar o meu número.... mas no momento a seguir percebi que era perfeito. Ele podia ser o primeiro a ser testado. E foi. Apesar de ter o número sete. É aleatório porque o que interessa aqui não são propriamente os homens, os nomes; o que interessam são as situações que daí advieram. É sobre tudo isso que tenciono falar, incluindo números, que se tratarão de homens que por acaso foram estes, mas podiam ter sido outros. Tal como as mulheres, os homens também são divididos em tipos. E neste caso, não vão passar de números.
O sete era insistente, super, hiper, mega "chato"! Não sabia o que era "spam" até o conhecer! E coitadinho, coitadinho do rapaz que até era queridinho e todo fofinho. Mas não passava disso mesmo. De um "'inho". Inho'zinho'zinho! E, convenhamos, apesar de não dar importância a diferença de idades, considero que ele era muito "tenrinho". Até era engraçado, mas para tão novo tinha pelos por todo o lado (até nos ombros!) Não o vi nu, mas vi-o em fotos na praia. Normalmente fazem -se montagens para se parecer melhor, não é? Neste caso, não foi bem assim.
Estivemos juntos duas vezes.
Ele passou ate à terceira fase da lista perfeita.
Ficou -se pela amizade engraçada. Uma categoria escolhida a preceito.
E, cá para nós, para "tenrinho"até ficou muito bem posicionado.
Não. Nunca se passou nada. Para além de um abraço gigante da parte dele e de um almoço à pressa.
Eu tentei perceber que ele poderia, eventualmente, estar carente. Mas, muito sinceramente, não me interessava começar por um "puto" e magoá-lo ou brincar com os seus sentimentos. Decidi não fazer o "pressing" todo que estava determinada a desempenhar ao longo do ensaio. Decidi ser soft e deixá -lo muitas vezes ter monólogos, e de vez em quando lá lhe dava um "olá" e um "hoje não posso, tou a trabalhar". Assim mantenho uma amizade e vejo até que ponto vai a paciência de esperar de um homem, principalmente quando tem sangue na guelra.
Faz-me parecer que os meninos gostam de trintonas, e bastante, por sinal! E, em tom de segredo, acho que quanto mais velhas mais eles gostam... bem dizem por aí que "quanto mais velhas, mais incríveis", e é bem verdade!
Era um miúdo pouco experiente, notava-se pela falta de maturidade. Sim, porque a meu ver, a experiência advém precisamente das adversidades da vida e não daquilo que se fez com este ou com aquele. Isso é tudo externo a nós! E na, minha modesta opinião, até podíamos já ter tido mil homens, todavia nem depois disso seríamos mulheres mais experientes. Tenham a certeza disso! A vontade faz a experiência e a experiência a circunstância!
- 2o contacto - encontro à pressa
Estava na altura do "desvairo" por que todas as mulheres (assumidamente ou não) passam após uma ruptura. Eu passei por essa fase e, meninas, ninguém aqui é excepção à regra!
Estava com um pessoal amigo a beber um copo num café qualquer que já não me lembro muito bem qual após os shot's que bebi, mas sei em que cadeira estava, em que mesa estava, com quem estava e quem não parava de me "spamar" o telemóvel. O sete. Sete porque só ligar uma vez não chega. Têm que ser sete! Se eu lhe mandasse sete talvez achasse demasiado pesado.Têm que ser sete, sete vezes! Desespero total a ponto de atender e ouvir:
"Baby, onde estás?"
Por momentos pensei em dizer onde estava mas depois obriguei-me a dizer (para acelerar o processo) que ia ter com ele, pois afinal estava com pressa, porque tinha vindo no carro de uma amiga e blá blá blá (mentiras piedosas para não parecer mal o pisgar-me em dez minutos após conhecê-lo pessoalmente).
Na verdade, adoptei uma estratégia, tratá -lo como se o conhecesse há demasiado tempo, tal como ele lidava comigo, em que parecia que eu era mulher dele sem sequer termos, algum dia, tido qualquer tipo de contacto físico.
Quando cheguei perto dele ele olhou para mim como se já me tivesse visto umas outras inúmeras vezes, dizendo:
-És mesmo linda...
-Olá...assim fico sem jeito...
-Não fiques e deixa-me dar -te um abraço.
E olhei para os olhinhos dele, para aquela carinha de inocência (cuidado, "quem vê caras não vê corações") e abanei a cabeça afirmativamente. Deixei -o abraçar-me. E foi um bom abraço! A porra é que foi um bom abraço! Depois de quase cinco minutos abraçado a mim, comigo completamente estagnada e hirta, sem saber muito bem onde meter as mãos, o meu telemóvel toca e eu penso: "Salvaram-me! " E sim, salvaram. As minhas amigas que continuavam no "peddy tascas". Salvaram-me ao pensar que eu pudesse ter caído na sanita. Na cabeça delas, eu estava no wc, e , na realidade, estava do outro lado da rua. Lógico que aproveitei a oportunidade de me desmarcar. E foi exactamente isso que fiz.
Pensei que a partir daí amansasse a coisa, mas piorou. Em vez de trinta mil mensagens por dia, já eram setenta mil. Um abuso. Uma seca! Já não tenho vinte anos, pá! Nem tenho a tua vida! Não o disse, mas quase que disse... aqui no ensaio, tudo é permitido. E será!
-3o contacto - sem querer
Encontro casual no centro comercial. Ele, com todo o tempo do mundo. Eu, com o tempo contado ( mesmo que não tivesse, tinha!).
- Se tens só vinte minutos, então dá para almoçarmos juntos!
Não disse que não porque sabia que o tempo ia ser pouco, mas apenas conclui aquilo que desconfiava desde o início. Tão"tenrinho" que quase que nem dá para testar!
Fomos almoçar ao mac. Eu sei que só tinha vinte minutos (rapidamente contados), mas homem a sério não te leva ao mac, pela primeira vez, a almoçar. E com isto, lembrei os tempos da adolescência. Nem foi tempo perdido, até soube bem.
Eu tentei manter sempre a distância e admito que muitas vezes o deixava a falar sozinho, mas foi como se tivesse sido o experimental. Tentei ser mais uma menina, com ele, do que uma mulher sensual. Mas ainda assim e ainda hoje, quando se lembra não liga só uma, mas sete vezes. Sempre sete vezes. Sempre as vezes que não atendo mas que ainda assim vão existindo... e eu que pensava que a persistência atenuava com a idade... "saiu -me o tiro pela culatra"!
A partir daí comecei a tentar excluí-lo rapidamente tentando arranjar motivos mais ou menos plausíveis na minha cabeça (e não tinham forçosamente que o ser!). Era uma tarefa complicada. Ele era chato, era, mas um miúdo impecável, com muito bom coração. Há anos que falamos imenso, mas só estivemos juntos duas vezes. Não posso considerar um homem com má intenção. Só um miúdo com bom coração.
Não era normal para mim nem uma situação que eu quisesse alimentar. Por ali queria que ficasse.
No entanto, ele mostrava -se resistente... e insistente. E continuava a ser o sete e a passar nos critérios da listagem. Já ia no segundo, o que eu podia fazer?
Pragmatismo, acima de tudo! Olhava para ele como uma criança apesar de saber que ele olhava para mim como mulher. E por isto não passou à fase seguinte."
Vanessa Cardui
(In "38 homens depois")
(In "38 homens depois")
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