quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

"Janela do mundo "

"Pela janela vislumbro a melodia da cor
Da cor do mundo cinzento que parece chorar
Mundo pobre em proezas e rico em futilidades
Uma janela entreaberta que esconde um mundo perdido
Xingado, comprado e logo depois vendido
Mundo pobre onde não só há gente e não pessoas
O conjunto não existe sem a individualidade
Dignidade não significa falta de personalidade
A vida é composta de momentos e não só de coisas boas
Se apetece rir ou chorar, isso já há dias para tudo
E se porventura se perder a voz, é porque convém ficar mudo
Esta janela que me mostra a escuridão da luz do dia
Em vez de me acalmar causa- me agonia
Daquela que demora a passar
Tende até a transformar-se em azia
Mas não é, é só da desilusão
Porque o desejo de ver o dia
Passou a noite de nostalgia
De correntes de ar que vêm e vão..."
Vanessa Cardui
(In "Poesias Vadias")


Foto: Paulo Nuno Santos 

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