"Nem foi uma noite em que nos tenhamos enfrascado de tal maneira a nos acharmos piada um ao outro. Na realidade, não foram precisos copos, nem estupefacientes para nos consumirmos um ao outro, de corpo e alma, assim que nos vimos ou revimos.
Estou na vida como estou contigo, para o que der e vier, quer seja suave ou a doer, nas atrocidades e nos sorrisos da vida.
Escrevo a pensar em ti e nada me sabe melhor que não isto, que não este sentimento que não me faz refém mas tão livre como nunca me senti. Desta vez não é a fingir, sou borboleta, porque desta vez ganhei asas. As que estavam molhadas foram à vida, estas são novas!
E que putas de asas boas, que me levam a todo o lado, que me destroem de cansaço de tanto querer dar e, em simultâneo, me constroem de amor e de precisar também e tanto, de dar! Um amor que desconhecia por completo. Um amor tipo pleonasmo.
Tudo de nós em nós. Tudo. Não é sorte e terminação mas sim sorte e continuação. Nuvens fofas que quase nos fazem querer saltar nelas, muros esquecidos em que nos sentamos e restauramos, areias movediças pisadas e enroladas nos nossos corpos de desespero por querer tanto mas tanto, mostrar sentimento (aquele que não consigo traduzir nunca verdadeiramente explicitamente)... praias cheias de gente e desertas, só connosco; montes donde se vê o mar em que o vento domina as ondas e faz eco, um eco de paz, um eco de poesia vinda de lá de cima...vinda não sei de onde... só sei que daqui vem, de nós, os dois...
E depois... é isto..."
Estou na vida como estou contigo, para o que der e vier, quer seja suave ou a doer, nas atrocidades e nos sorrisos da vida.
Escrevo a pensar em ti e nada me sabe melhor que não isto, que não este sentimento que não me faz refém mas tão livre como nunca me senti. Desta vez não é a fingir, sou borboleta, porque desta vez ganhei asas. As que estavam molhadas foram à vida, estas são novas!
E que putas de asas boas, que me levam a todo o lado, que me destroem de cansaço de tanto querer dar e, em simultâneo, me constroem de amor e de precisar também e tanto, de dar! Um amor que desconhecia por completo. Um amor tipo pleonasmo.
Tudo de nós em nós. Tudo. Não é sorte e terminação mas sim sorte e continuação. Nuvens fofas que quase nos fazem querer saltar nelas, muros esquecidos em que nos sentamos e restauramos, areias movediças pisadas e enroladas nos nossos corpos de desespero por querer tanto mas tanto, mostrar sentimento (aquele que não consigo traduzir nunca verdadeiramente explicitamente)... praias cheias de gente e desertas, só connosco; montes donde se vê o mar em que o vento domina as ondas e faz eco, um eco de paz, um eco de poesia vinda de lá de cima...vinda não sei de onde... só sei que daqui vem, de nós, os dois...
E depois... é isto..."
Vanessa Cardui
(Excerto de romance)
(Excerto de romance)
*cum alis= com asas (latim)
Foto: Simão Duarte
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