Solitudinem

O dia de são valentim passou. Houve muitas mulheres que o passaram sozinhas, mas também muitos homens que se sentiram demasiado solitários,  estou certa. Por incrível que pareça e apesar de sabermos que os homens pouco ligam a detalhes ou, pelo menos, não tanto como nós; para eles este dia é mais complicado do que para uma mulher. Nas duas facetas da coisa: se está extremamente sozinho e não tem nenhuma mulher que o entretenha, fica ainda mais deprimido a ponto de sentir uma abrupta necessidade de 'apanhar uma cabra e de a levar para casa'; se tem companheira, é sempre um stress e um filme (isto é, se se preocupar minimamente com a relação) por não saber o que dar,  se uma boa foda ou se um ramo de rosas que custam uma pipa de massa para depois de uma semana secarem e defecarem.
Não existem relações perfeitas mas também nao existem solidões perfeitas. A solidão é precisa mas há determinadas situações em que é perfeitamente dispensada talvez por força das vontades,  dos sentimentos,  da falta,  da compensação do vazio, das incumbências que parece que se tem sem se ter.
Quando se namora é tudo muito lindo dizer que não se festeja porque o dia dos namorados é todos os dias, mas sabemos que não, naquele dia é importante uma lembrança nem que seja temperar a salada que ele nunca temperou ou ela abrir a garrafa de champagne que nunca abriu. Pequenas coisas que são grandes coisas. Imensas. Boas. Incríveis e viciantes.
Sim, o dia dos namorados é todos os dias mas não só isso; é todos os dias feito destas pequenas coisas deliciosos que conseguem transformar uma vida solitária e vazia numa vida repleta de amor para dar. A vida urge,  o tempo também...agarra o amor !

Vanessa Cardui
(In "Crónicas de um mulherio em corropio")

*solitudinem= solidão  (latim)

Foto: Pedro Santos