quarta-feira, 22 de março de 2017

Controvérsias sem conversa


"Mundos perversos
Mundos inversos
Quilómetros de estupidez
Tão inóspitos de perspicácia
Mundos perfeitos e imperfeitos
De tão bem ou tal mal feitos
E depois disso,  contrafeitos
Coisas de um mundo bipolar
Psicopata de ideias maquiavélicas
Esquizofrénico de mentes feitas réplicas
Mundos barulhentos e com histórias épicas
Norteado e desnorteado e sem orientação

Vida incerta a par com um mundo de pernas para o ar
Vida como dádiva surreal e madrasta difícil de enfrentar
Vida com degraus e descidas
Vida com trambolhões e recaídas
Feridas e caminhos sem saída
Mundos e fundos
Fragmentos de segundos
Controlos de radar
Carro sem querer parar
Nesta estrada que é a vida
Uma recta sempre a dar canha
Tanta ou tão pouca que parece sempre minimo
Quando o máximo parece pouco demais
Quando aquilo que queremos da vida é ainda mais

Mundos refundidos e tão conhecidos
Mundos mascarados e sem filtros
Tempo feito em mortalha a arder
Tempo que não chega nem pode sobrar
Mundos de apanhar ar e de espairecer
Mundos de olhares sinceros e teatrais
Mundos de pessoas normais e anormais
Tempos e estórias de momentos guardados
Vidas contadas pelo tique-taque abençoado
Tempo que nos é dado e predestinado

Mundos e fundos de meios sem começos
Mundos e fundos de promessas e juras falsas
Mundos sinceros e tão falsos
Mundos bipolares e descalços
Sem sapatos para andar
Nem ténis para correr
Sem lágrimas para chorar
Nem filmes para ver
Pipocas para comer
Estaladiças e a ferver
Um filme que não acaba

Uma vida começada
Uma vida destinada
Uma vida obcecada num mundo bipolar
Uma vida misturada que se pode passar
Porrada da certa é uma conversa recta
A verdade é nua e crua mas a soma é tua
Mundos laterais e paralelos
Mundos paralelos e singelos
Mundos complexos e complicados
Mundos que sem carnaval andam mascarados
Mundos que começam bem e acabam mal
Mundos vindos do puro e vêm do artificial
Mundos eloquentes e demasiado pertencentes
A quem quer pouco ou a quem quer demais
O oito ou o oitenta representa
A sociedade que não sabe o que quer
Que tem sucesso sem saber ler nem escrever
Quando na verdade o que lhe falta é viver

Na sociedade falta vida na gente
Há abundância de gente demente
Neste mundo de invencíveis e de fracos cobardes
Existem vidas, sonhos salvas raras necessidades
Sem concretização possível do expectável
O tempo na vida fica obsoleto e deixa de funcionar
Passa a só haver vida e quem vive é que se safa
Controlamos o mundo e este controla-nos à força
Mesmo sem ameaça somos manipulados
Como matraquilhos ou jogos de computador
Nesta vida que não é jogo nem filme de terror
Nesta parte que sonhada ninguém há-de acreditar
Não por já não o terem pensado mas por não quererem crer
E é isto, nem tudo é perfeito
Nem sempre corre à nossa maneira
Se foi ou não de acordo com o nosso jeito
Isso não nos dá mais mérito nem preceito
Apenas viver é esse o meu lema
Não há mais do que isso, não é esquema

Viver o que há para viver
Não viver para trás e ficar a remoer
Primeiro está viver, depois sofrer
Também faz parte para aprender
A ser e a saber querer
E a ponderar e a aceitar
E a correr sem ter dor de burro
E a respirar correctamente ar puro
Vivendo literalmente sem tempo contado
Tendo noção que o tempo não está parado
A vida tem que estar à frente e mais adiante
O tempo cura mas entretanto vai passando
De forma rápida e traiçoeira sem notando
O tempo de braço dado com a vida
Que é um tempo de felicidade apetecida
Um tempo vindo de dentro e a escorregar
Por entre os dedos que o tentam agarrar
E agarram...por momentos
Mas depois caem...desistentes
Um tempo que leva tudo
Inclusivamente nós
Leva-nos do mundo em que vivemos
Leva-nos daquilo que seremos
Não seremos ninguém sem ele
Nem sem a vida
Há vida individuais e em conjunto
A questão é que a vida se vai embora..
Num segundo...
Leva- a o tempo..."

Vanessa Cardui
(In "Poesias Vadias")


Foto: Christian aka raspuns.ioana instagram



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