quarta-feira, 8 de março de 2017

Desígnio

"Estou parada, virada de frente para aquilo que é a minha vida
Sinto uma espécie de calafrio percorrer-me a alma dividida.
Estou e não quero estar, sinto e não quero sentir!
Sinto-me perder as forças, sinto que já nem sei rir!
Por tanto ter amado,esqueci o mundo que me abraçou;
Por breves instantes desejei ser o que não sou.
Mas sou....
Eu sou eu, um eu tão eu como o verbo ser;
Um eu tão subtil e insignificante;
Um eu com quem eu tenho que conviver;
Um eu tão pequeno e tão grande...
Pequeno sou eu sem querer ser mais adiante,
Grande sou eu em tanto e tanto amar!
O meu coração é maior do que eu, tenho que afirmar!
Gosto de imaginar sonhos que me fazem sonhar!
Gosto de ser eu sem pensar no que sou,
Gosto de amar sem querer saber onde estou.
Como apóstola do amor sei sempre por onde vou...
Sei que vivo por amar e não que amo por viver,
De todos os presentes da vida, amar é o maior prazer!
Vivo-te, preciso-te, ambiciono-te,
Sou-te, estou-te, morro-te.
Tudo palavras estranhas que tenho que dizer,
Tantos verbos que posso inventar por ti,
Tantas sílabas que escondo por não te ter aqui,
Tantas horas, ai tantas, tantas horas que chorei e sofri,
Tantos cálices de espera interminável que bebi,
Tantas manhãs de sonhos que eu nunca esqueci...
Tudo o que eu tenho é a minha vida,
Mas o que eu mais quero é ter-te a ti
Vida, minha vida o que sou eu sem ti?"

Vanessa Cardui
(in "Poesias Vadias")


Foto: Christian aka Raspuns.ioana instagram

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