"Hoje li uma dúzia de palavras escritas pelos teus dedos. Hoje vi a tua letra. Hoje voltei a ver a tua letra. Hoje voltei a sentir-te perto quando tu já estás tão longe, ou sempre estiveste...
Hoje voltei a ser criança em que dava importância a qualquer marca de afecto que te esforçavas por deixar em mim. Só que essa importância que, para mim, era tão valorosa, desvanecia-se logo imediatamente a tu estragares tudo com a tua agressividade nas palavras que pairavam no ar.
Hoje voltei a ler as tuas palavras. Voltei a estar perto de ti mas nem me atrevi a aproximar-me por não querer sentir-te mais do que isto: apenas e só no pensamento.
Hoje, as palavras que eu li eram banais, mas eram tuas, escritas por ti e pelos teus dedos. Hoje as tuas palavras trouxeram-me uma marca de ti; uma marca que, por dias, é apenas uma sequela e, noutros, uma ferida aberta que não consigo estancar.
Hoje li as tuas palavras como quem lê uma história. Hoje li o que escreveste como se cada palavra fosse um milagre de uma história de embalar. Hoje tentei ver na tua marca uma coisa positiva. Curiosamente, vi: a marca de saber que superei a tua presença tão ausente e, agora, a tua ausência sempre tão presente. E desta marca sobressai aquilo que eu sou, a força que eu detenho em mim oriunda não sei muito bem de onde.
Das tuas palavras já não me sobra nada, se as vir novamente, olharei para elas como se fossem uma simples folha a deambular pelas ruas. Mas das minhas palavras; ai destas, sobra-me tudo e mais alguma coisa, sobra-me alma e vontade de escrever. Sobra-me, mas, ainda assim, consigo dar conta do recado.
Hoje voltei a ler o que escreveste e daquilo que li não sobrou rigorosamente nada..."
Hoje voltei a ser criança em que dava importância a qualquer marca de afecto que te esforçavas por deixar em mim. Só que essa importância que, para mim, era tão valorosa, desvanecia-se logo imediatamente a tu estragares tudo com a tua agressividade nas palavras que pairavam no ar.
Hoje voltei a ler as tuas palavras. Voltei a estar perto de ti mas nem me atrevi a aproximar-me por não querer sentir-te mais do que isto: apenas e só no pensamento.
Hoje, as palavras que eu li eram banais, mas eram tuas, escritas por ti e pelos teus dedos. Hoje as tuas palavras trouxeram-me uma marca de ti; uma marca que, por dias, é apenas uma sequela e, noutros, uma ferida aberta que não consigo estancar.
Hoje li as tuas palavras como quem lê uma história. Hoje li o que escreveste como se cada palavra fosse um milagre de uma história de embalar. Hoje tentei ver na tua marca uma coisa positiva. Curiosamente, vi: a marca de saber que superei a tua presença tão ausente e, agora, a tua ausência sempre tão presente. E desta marca sobressai aquilo que eu sou, a força que eu detenho em mim oriunda não sei muito bem de onde.
Das tuas palavras já não me sobra nada, se as vir novamente, olharei para elas como se fossem uma simples folha a deambular pelas ruas. Mas das minhas palavras; ai destas, sobra-me tudo e mais alguma coisa, sobra-me alma e vontade de escrever. Sobra-me, mas, ainda assim, consigo dar conta do recado.
Hoje voltei a ler o que escreveste e daquilo que li não sobrou rigorosamente nada..."
Vanessa Cardui
(Excerto de romance)
(Excerto de romance)
#blogger #borboletrasdecardui #vanessacarduiquotes
Foto: Vanessa Cardui
Sem comentários:
Enviar um comentário