Está a aproximar-se a altura de me lembrar que te foste. Está a aproximar-se a altura da melancolia mor que se apodera das minhas entranhas. Fazes-me falta! Aquela falta que faz falta ter tal como o ar para respirar! Fazes-me tanta falta! Quase dois anos sem ti e tudo deixou de fazer sentido...principalmente até ao segundo ano. Depois, apesar de toda a saudade cravada em mim, comecei a conformar-me lentamente que te tinhas ido, mesmo, naquela viagem de que toda a gente fala que se julga que é eterna, mas, para mim, não é coisíssima nenhuma! E aí passei a interpretar sinais. Os teus. Sinais que só poderiam ser teus, vindos de ti...de ti, para mim. Sinais teus, tão nossos que só eu os consigo interpretar, que são aqueles sinais que só podem vir de ti. Ponto, parágrafo. Tais sinais atiraram-se-me de cabeça para uma felicidade transcendente e que se tornaram cruciais nos meus dias. Podem até nem ser sinais, para os outros, mas para mim são. E são porque e mais uma vez, para mim, fazem sentido; demasiado sentido até! Não é à toa que as imprevisibilidades acontecem, é só o que digo. Mesmo onde estás continuas a ser o pilar e a ajudar como se aqui estivesses. A ajudar para que tudo corra de feição, como sempre te esforçavas por fazê-lo. E ainda bem. Saí a ti. Prefiro não fazer a fazer mal feito e, na verdade, fazer bem ou mal leva o mesmo tempo - já a minha avó velha o dizia. De todas as formas que seriam possíveis e exequíveis, nenhuma nem nada faria sentido sem ti. Admitindo, contudo, que a vida não acaba em prol do fim da vida dos outros. Parece assim, mas felizmente não é assim. Para os que estão vivos, a vida tem que continuar apesar da dor e dos dissabores, pois essa só nós a vivemos. Portanto a vida tem que fazer sentido pois efectivamente não faz logo após a perda de um ente querido (tão querido e quase considerado imortal) ; mas devagar nos vai trazendo aquela paz e serenidade que noutros tempos nem sequer faria qualquer sentido!
Aceito que te foste só porque acredito que ficaste comigo, em sinais e, sobretudo, dentro de mim.
Já te disse que ficaste cravado em mim, não já?
Talvez não o tenha dito as vezes suficientes. Mas isso não faria com que tivesses ficado mais tempo...
Não querias crer na morte, e sabes que nem eu quero (coisa com que não lido muito bem); e eu ainda vou a tempo de viver a vida, sem que esta falta de força por te ter perdido me persiga incessantemente.
Infelizmente já não estás cá, mas eu por cá estou, e por cá continuarei a estar até fazer também a tal viagem que me levará ao teu encontro e, de novo, ao teu abraço, quiçá! Sou céptica em relação a tudo que não conheço mas no que te envolva a ti, em nada o sou! E acredito e quero acreditar no que a maior parte das pessoas crê para além da morte, uma forma subtil de amenizar a dor e a angústia que jaz nos corações. A vida é breve porque o tempo não pára, mesmo que seja muito... para quem não se lembra, o tempo voa.
Tenho vida agora, usufruo da melhor forma que sei; a qual me ensinaste e bem; com a máxima qualidade que conseguir, principalmente a nível de sentimentos. Assim o fiz, e ironicamente só após a tua morte o comecei a raciocinar claramente e a saber o que viver sem perceber mais nada a não ser sinais e cheiros bons, flores lindas no jardim do adro, e sol com tanta luz, todos os dias da minha vida. Agora vejo as coisas noutra perspectiva. De forma mais dura mas mais lúcida. Sem ti deparo-me com a felicidade e sei o que fazer com ela, precisamente por mo teres ensinado e mostrado o amor inegável que tinhas e continuas a ter à minha avó Pureza.
Desculpa se já passou algum tempo e só agora me lembrei disto, mas tinha que o partilhar porque sei que a tua maior felicidade era a minha. E, meu Nunum, sei tão bem o que fazer com esta felicidade. Sei tão bem, até ao fim dos meus dias! Só tenho pena de saber-te comigo mas não em presença física. Neste momento e em todos os outros, fazes falta! Pois em mim estás sempre enraizado, emocionalmente e com a tua alma em mim e o teu cheiro que mesmo que já se tenha dissipado, continua presente assim que fecho os olhos e o quero sentir.
Tenho pena que já cá não estejas para ver de perto o que aí vem mas certamente que daí de cima tens ainda uma melhor visão e a tua estrela continuará a guiar-me tal como sempre.
Orgulho que tenho em ter vindo da família que criaste. Orgulho em ter-te para vida...
Houve um luto que durou mas que se transforma em porta que se abre, só porque me mandaste os teus sinais. Obrigada. Obrigada por tudo! Por me ensinares a bater palmas e a saber aplaudir apenas a quem merece. Por ti soube saber distinguir as pessoas e os comportamentos e apesar de não ser homem sempre me disseste que "a tropa manda desenrascar" e assim o fiz. Desde sempre. Graças a ti sei andar no mundo numa conduta correcta e recta, sem curvas. A ti aplaudo-te, a ti tiro o chapéu, a ti venero-te. Eu sei que, onde quer que estejas, estás orgulhoso daquilo que se passa por cá. Eu estou.
O primeiro ano depois de te ires foi a conformação. O segundo foi a reflexão . A reflexão sobre uma vida de raíz.
Essa reflexão deve-se ao maior ensinamento que me deixaste. Viver a vida sendo feliz e contando com a felicidade de hoje e de amanhã. Não eras de relógios. Eu também não.
Por isso sempre foste a favor da felicidade a longo prazo mesmo sabendo que o dia tem
vinte e quatro horas e ainda assim parecem ser poucas para tantos desejos e tanta felicidade por esbanjar. A vida é curta, já tu mo dizias. E era. E é. Mas enquanto é, a felicidade move o nosso mundo, irrepreensivelmente.
E esse mundo que eu nunca tinha visto sem ti, estou a vê- lo agora e devo dizer que me estou a sair bem, Nunum.
Aceito que te foste só porque acredito que ficaste comigo, em sinais e, sobretudo, dentro de mim.
Já te disse que ficaste cravado em mim, não já?
Talvez não o tenha dito as vezes suficientes. Mas isso não faria com que tivesses ficado mais tempo...
Não querias crer na morte, e sabes que nem eu quero (coisa com que não lido muito bem); e eu ainda vou a tempo de viver a vida, sem que esta falta de força por te ter perdido me persiga incessantemente.
Infelizmente já não estás cá, mas eu por cá estou, e por cá continuarei a estar até fazer também a tal viagem que me levará ao teu encontro e, de novo, ao teu abraço, quiçá! Sou céptica em relação a tudo que não conheço mas no que te envolva a ti, em nada o sou! E acredito e quero acreditar no que a maior parte das pessoas crê para além da morte, uma forma subtil de amenizar a dor e a angústia que jaz nos corações. A vida é breve porque o tempo não pára, mesmo que seja muito... para quem não se lembra, o tempo voa.
Tenho vida agora, usufruo da melhor forma que sei; a qual me ensinaste e bem; com a máxima qualidade que conseguir, principalmente a nível de sentimentos. Assim o fiz, e ironicamente só após a tua morte o comecei a raciocinar claramente e a saber o que viver sem perceber mais nada a não ser sinais e cheiros bons, flores lindas no jardim do adro, e sol com tanta luz, todos os dias da minha vida. Agora vejo as coisas noutra perspectiva. De forma mais dura mas mais lúcida. Sem ti deparo-me com a felicidade e sei o que fazer com ela, precisamente por mo teres ensinado e mostrado o amor inegável que tinhas e continuas a ter à minha avó Pureza.
Desculpa se já passou algum tempo e só agora me lembrei disto, mas tinha que o partilhar porque sei que a tua maior felicidade era a minha. E, meu Nunum, sei tão bem o que fazer com esta felicidade. Sei tão bem, até ao fim dos meus dias! Só tenho pena de saber-te comigo mas não em presença física. Neste momento e em todos os outros, fazes falta! Pois em mim estás sempre enraizado, emocionalmente e com a tua alma em mim e o teu cheiro que mesmo que já se tenha dissipado, continua presente assim que fecho os olhos e o quero sentir.
Tenho pena que já cá não estejas para ver de perto o que aí vem mas certamente que daí de cima tens ainda uma melhor visão e a tua estrela continuará a guiar-me tal como sempre.
Orgulho que tenho em ter vindo da família que criaste. Orgulho em ter-te para vida...
Houve um luto que durou mas que se transforma em porta que se abre, só porque me mandaste os teus sinais. Obrigada. Obrigada por tudo! Por me ensinares a bater palmas e a saber aplaudir apenas a quem merece. Por ti soube saber distinguir as pessoas e os comportamentos e apesar de não ser homem sempre me disseste que "a tropa manda desenrascar" e assim o fiz. Desde sempre. Graças a ti sei andar no mundo numa conduta correcta e recta, sem curvas. A ti aplaudo-te, a ti tiro o chapéu, a ti venero-te. Eu sei que, onde quer que estejas, estás orgulhoso daquilo que se passa por cá. Eu estou.
O primeiro ano depois de te ires foi a conformação. O segundo foi a reflexão . A reflexão sobre uma vida de raíz.
Essa reflexão deve-se ao maior ensinamento que me deixaste. Viver a vida sendo feliz e contando com a felicidade de hoje e de amanhã. Não eras de relógios. Eu também não.
Por isso sempre foste a favor da felicidade a longo prazo mesmo sabendo que o dia tem
vinte e quatro horas e ainda assim parecem ser poucas para tantos desejos e tanta felicidade por esbanjar. A vida é curta, já tu mo dizias. E era. E é. Mas enquanto é, a felicidade move o nosso mundo, irrepreensivelmente.
E esse mundo que eu nunca tinha visto sem ti, estou a vê- lo agora e devo dizer que me estou a sair bem, Nunum.
Vanessa Cardui
(In "Ao Nunum ")
*signa - sinais (latim)
Foto: Vanessa Cardui
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