quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

hesterno die est hodie

Passam-se dois anos. Dois anos em que apenas posso olhar nas fotografias para te poder ver.
Passam-se dois anos de lágrimas sentidas e perdidas; de uma dor desmedida.
Passam-se agora dois anos do dia em que te perdi...fora de mim; porque em mim estás e estarás sempre.
Passam-se agora setecentos e quase trinta dias sem te pôr a vista em cima. Coisa com a qual nunca contei, inadvertidamente.
Desculpa. Desculpa ter sido fraca o suficiente para ter caído na realidade apenas a partir do início deste ano. Eu sei que detestavas a inércia da vida e acredita que herdei isso de ti. No entanto, admito ter andado por andar, ter feito por fazer, ter trabalhado por trabalhar... no fundo, nada feito com gosto ou prazer; por me sentir um tanto anestesiada e perdida.
A bússola encontrei-a no inicio do ano e algo me faz querer que foi só mais um de tantos dos teus sinais. Incrível como mesmo daí, de onde estás, fazes tudo bem feito e fazes manobras e desdobras-te para que tudo corra de feição.
Passam-se dois anos de cartas para te serem entregues, que expiram. Cartas minhas. De mim para ti. Aquelas que me estavas sempre a pedir que te escrevesse porque assim te habituei. Guardaste-as todas no cofre. Algumas emolduraste. Amavas-me. E eu amava-te a ti. E amamo-nos incondicionalmente, irreversivelmente. Nunum, meu pai. Como me sinto orgulhosa de te ter tido como "mestre" a vida toda! Orgulhosa agora na força que tenho, que desconhecia e que tu me deixaste. Abençoada por ti, sempre, em todo o lado, estejas tu onde estiveres.

Vanessa Cardui
(In "Ao Nunum ") 

*hesterno die est hodie - o ontem é o hoje (latim) 


Foto: Vanessa Cardui 


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